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Chile: Um dia em Valparaíso e Viña del Mar

Quando estava organizando o roteiro da viagem para Santiago do Chile, vi vários artigos em blogs, sites ou revistas de viagem comparando as duas cidades: comidas típicas, clima, passeios. As cidades têm as suas semelhanças, mas em vários aspectos são bem diferentes.

Muitas dessas "características" só são "visíveis" quando a gente conhece as cidades. Mas uma coisa já deu pra perceber de cara, logo na montagem do roteiro: diferente de Buenos Aires, onde o "foco" das viagens costuma ser em conhecer os diferentes bairros da capital Porteña, em Santiago boa parte dos passeios se concentra nos arredores da capital. Seja visitar uma vinícola, conhecer a neve, ou um passeio para as cidades no litoral do Pacífico Valparaíso e Viña del Mar.
 




Assim como nos dois outros passeios para a vinícola e para a neve, decidimos fazer o passeio para Viña del Mar e Valparaíso com uma agência de viagem. Eu realmente não curto passeios com agências, sempre preferi a liberdade de fazer tudo por conta própria e não ter que ficar "preso" a horários/roteiros pré-definidos. Mas, como estávamos com o nosso filho pequeno de 1 ano e 11 meses, decidimos pela "segurança" da agências.

Para os passeios da neve e da vinícola, como comentei nestes posts aqui e aqui, ir com agência foi a melhor decisão. Acredito que, em parte, porque o serviço da agência era basicamente o transfer (transporte até a vinícola/estação de ski). Então tivemos certa liberdade pra encaixar as atividades que a gente queria, no horário que a gente queria e com a duração que a gente queria.

Mas, para o passeio de Valparaíso, me arrependi. O roteiro era totalmente "engessado". A maioria dos horários não batia com os horários da rotina do meu filho. Ele ficou com fome um pouco antes de chegarmos ao restaurante pra almoçar. Quando ele estava animado em correr pelo jardim do museu, era hora de voltar para o ônibus. Quando ele pegou no sono pra soneca da tarde, era hora de sair do ônibus pra andar pela cidade. Nesse post aqui falo sobre dicas de viajar com bebês e a importância de manter uma rotina. Faz muita diferença na viagem!

Enfim, deixo uma dica importante aqui, baseado na minha experiência: Se viajar com crianças, nunca, jamais, contrate um passeio de agência "engessado" como city tours e tal. Vai por mim. A gente até acha que vai ser melhor, mas no final das contas a probabilidade das coisas saírem erradas é grande. 

VIÑA DEL MAR

A primeira parada do tour foi em Viña del Mar. Passamos a manhã toda na cidade.

Viña del Mar é a principal "escapada" de verão para os moradores de Santiago. A cidade lota nos meses mais quentes (de dezembro a fevereiro).

Sei que as cidades são bem próximas entre si (10km de distância entre os centros), então é meio "irresistível" conjugar as duas paradas num único dia. Mas, sinceramente, achei a parada em Viña del Mar totalmente sem graça e desnecessária.

Não que a cidade seja "ruim" - foi a 3ª vez do meu marido no Chile, e em uma viagem anterior ele passou uma semana apenas em Viña del Mar.

A questão é que os grandes atrativos da cidade são mais adequados para quem está sem pressa: caminhar na praia, assistir ao pôr do sol seguido de um jantar, etc. Não é um passeio de (menos de) meio dia.

Mas enfim, as paradas que fizemos foram:

Oceano Pacífico: uma praia ao lado do famoso Hotel Sheraton. Parada mega rápida (15 minutos), só pra colocar as mãos nas águas geladas do Pacífico.




Relógio de Flores: Após a parada na praia, tivemos todos que retornar ao ônibus para visitar o ponto turístico que ficava do outro lado da praia. Sei que o relógio é um dos símbolos da cidade "florida", mas eu particularmente nunca vou entender o fato de ser um "ponto turístico" (como um museu, uma praia, uma rua/bairro histórico).

Museu Fonck: Após o relógio, voltamos ao ônibus para a última parada turística na cidade, em frente ao Museu. Parada totalmente "pega turista". Explico: era feriado e o museu estava fechado. Além disso, a parada era de apenas 20 minutos, tempo insuficiente pra visitar qualquer museu. Mas, é claro, o guia insistentemente comentava que havia uma loja muito "interessante" na esquina vendendo artigos feitos de lápis-lazuli.

Aproveitamos para tirar umas fotos com o moai em frente ao museu e nosso filho amou brincar na grama.




Após, fomos almoçar num restaurante indicado pelo guia. Não me recordo o nome, mas estava bom.

Mas deu pra perceber que a gente não conseguiu "aproveitar" o que Viña del Mar tem a oferecer.

VALPARAÍSO

História

Finalmente no início da tarde seguimos para Valparaíso.

No caminho, o guia nos contou um pouco da história da cidade. Valparaíso foi uma das mais importantes cidades da América nos séculos XVIII e XIX, devido ao seu Porto, escala obrigatória dos navios que iam para o Pacífico desde o Oceano Atlântico. Nesta época, a cidade chegou a ser o principal centro comercial do país, recebendo muitos imigrantes da Europa e outras partes do mundo. Porém, um grave terremoto em 1906 - que dizimou boa parte da população e fez com que as famílias "ricas" se mudassem para Viña del Mar; e a inauguração do Canal do Panamá em 1914 - diminuindo fortemente o movimento no Porto -  fizeram com que a cidade entrasse em decadência. 

A partir da década de 1990 a cidade passou por um processo de revitalização e hoje é um dos principais destinos turísticos do país. A Área Histórica de Valparaíso foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.



Valparaíso cultural


O roteiro do nosso passeio foi totalmente "estipulado" pelo guia. Caminhamos por cerca de 2 horas em algumas ruas entre os Cerros Alegre e Concepción, na área da cidade que é Patrimônio Cultural da UNESCO.


 

Nestes "bairros" é que estão localizados a maior parte da infraestrutura turística da cidade: galerias de arte, restaurantes, bares e hotéis.

"Valpo" é historicamente conhecida por ser a "casa" de diversos artistas - sendo o mais famoso dos seus residentes o poeta Pablo Neruda. Não chegamos a conhecer a sua "casa-museu" na cidade, mas deu pra perceber que a cidade é super "boêmia" e ferve com atrações culturais.

Uma das principais características que eu mais curti é a quantidade de arte de rua: são muitos prédios e paredes grafitados! Muitos mesmo!








Ascensores (Funiculares)

Os "ascensores" - uma espécie de elevador sobre trilhos - são uma das marcas registradas de Valparaíso.

A geografia da cidade lembra um anfiteatro, com a baía e algumas ruas na parte baixa e vários morros no entorno, onde vive a maioria da população.


Os ascensores são, desde 1883, a solução para o deslocamento entre as partes alta e baixa da cidade, uma vez que a geografia com morros e ruas estreitas dificulta o transporte coletivo por ônibus.

Ao final do nosso roteiro pela parte "alta" e "turística" da cidade, descemos para a parte "baixa" pelo ascensor concepción, o mais antigo de Valparaíso, inaugurado em 1883!




Porto

No final do passeio, visitamos a área do Porto de Valparaíso, que como comentei antes, foi um dos mais importantes do mundo no século XVIII.

Infelizmente hoje a área está em decadência. Não curti muito a região (nem tive tempo para "avaliar" melhor). Mas a diferença entre a parte "alta" - turística e cultural - é bem marcante. A área ao redor do porto é suja e sem manutenção, com muitos camelôs e pedintes.



Parte do grupo da excursão fez um passeio de barco pela Baía, mas nós preferimos nos refugiar do calorzão que fazia (27ºC em agosto - pleno inverno!) dentro de um restaurante. 

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